“Vamos nadar bem”. Gabriel Bandeira escreveu esta frase repetidas vezes em uma carta para o treinador Alexandre Vieira. O exercício para dar mais confiança foi coroado com o bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris nesta quinta-feira (29).

O resultado, porém, não agradou o recordista mundial e ouro em Tóquio-2020 nos 100m borboleta S14. Ele e o técnico se abraçaram e choraram ao se encontrarem pouco antes da zona de entrevistas da Arena de La Défense.

“Minha temporada inteira foi ruim. Foi muito difícil nadar, tanto que esse foi o primeiro 55 (segundos) que nadei esse ano. Foi o melhor resultado do ano, mas não foi suficiente”, lamentou o nadador.

Logo que encontrou Bill, como Gabriel é chamado, o técnico fez questão de aplaudi-lo e dizer que ele é um campeão. “O que esse menino deixou na água foi o maior mérito. A cartinha é boa para caramba, mas acho que a medalha de ouro é ver ele tentando, ver ele buscando, ver ele não desistindo, porque muitos desistiriam”, destacou Alexandre.

“A gente não pode desconsiderar o fato de que trabalhamos com atletas paralímpicos e acho que o Bill ainda está aprendendo a lidar com as emoções dele. A gente dá o suporte, a família dele dá o suporte, mas não pode desconsiderar o fato de ele ter deficiência intelectual, e isso ser algo que o limita em algumas coisas”, considerou o técnico.

Gabriel compete em uma classe dedicada a atletas com deficiência intelectual. A ideia de escrever cartas começou em Tóquio, quando ele teve uma ascensão fulminante e conquistou quatro medalhas no primeiro ciclo paralímpico.

Multimedalhista aos 24 anos, Gabriel volta às piscinas no sábado (31) para a disputa dos 200m livre S14, prova na qual ele é o atual vice-campeão paralímpico.