Nos últimos anos, um fenômeno curioso tem tomado conta do futebol brasileiro: a escassez de atacantes de referência, o tradicional camisa 9. Embora o país sempre tenha sido famoso por produzir alguns dos melhores goleadores do planeta, a posição de centroavante parece ter ficado em segundo plano em muitas equipes. O número de jogadores que atuam como pivôs ou finalizadores de área diminuiu, e muitos times passaram a adotar estratégias com atacantes mais móveis ou “falsos 9”, o que tem levado a uma carência de um verdadeiro “matador” no futebol nacional.
Historicamente, o Brasil sempre teve grandes camisas 9, como Romário, Ronaldo Fenômeno, Luizão, Careca, Fred e mais recentemente Gabriel Barbosa, o Gabrigol. Eles representaram um estilo de jogo que girava em torno do centroavante. Mas com a evolução do futebol moderno, que tem priorizado o jogo coletivo e a movimentação, o conceito tradicional de centroavante foi sendo progressivamente substituído por modelos mais dinâmicos e menos fixos na área. Isso tem deixado uma lacuna na função de centroavante no futebol brasileiro.
Um desses exemplos claros está na Série B do Campeonato Brasileiro. O último grande artilheiro foi Bruno Rangel, nascido em Vampos dos Goytacazes, que fez 31 gols em 2013, ano que a Chapecoense foi vice-campeã do torneio, atrás apenas do Palmeiras. O atacante, que faleceu em 2016, vítima do acidente aéreo com o avião da LaMia.
Oito anos após o trágico acidente, nenhum jogador chegou ao menos perto de bater a marca do atacante. Em termos de comparação, nesta última temporada, o artilheiro foi Erick Pulga, do Ceará, com 13 gols. Desde a marca de Bruno Rangel, os que chegaram mais próximos foram: Zé Carlos, em 2019, pelo CRB, e Gabriel Poveda, em 2022, pelo Sampaio Corrêa. Ambos balançaram as redes em 19 oportunidades.
E olha que a lista de artilheiros da Série B conta com grandes nomes, a exemplo de Tupãzinho, Túlio Maravilha, Vagner Love e Magno Alves. Mas a segunda melhor marca é de Zé Carlos em 2012, quando fez 27 gols com a camisa do Criciúma.
MAIS DE BRUNO RANGEL
Bruno Rangel teve em sua carreira 273 jogos e 119 gols. Com exceção de uma passagem pelo Catar, ele estava na Chapecoense desde 2013 e foi importante para a ascensão meteórica do time, que chegou à final da Sul-Americana de 2016.
Antes de fazer história na Chapecoense e se tornar o maior artilheiro da Série B, passou por Metropolitano, Joinville, Guarani, Paysandu, Águia, Baraúnas, Bonsucesso, Boavista, Macaé, Americano e Goytacaz. E começou a dar os primeiros passos no Abadia Futebol Clube de Campos.
Confira a lista dos artilheiros da Série B:
1971 – Rubilotta (Remo) – 4 gols
1972 – Pelezinho (Sampaio Corrêa) – 8 gols
1980 – Osmarzinho (Botafogo-SP) – 12 gols
1981 – Jorge Mendonça (Guarani) – 12 gols
1982 – Luisinho (Campo Grande) – 9 gols
1983 – Lima (Operário-MS) – 9 gols
1984 – Dadinho (Remo) – 6 gols
1985 – Paulo César Guilherme – (Tuna Luso) – 6 gols
1991 – Cacaio (Paysandu) – 14 gols
1992 – Saulo (Paraná) – 12 gols
1994 – Baltazar Mário (Goiás/Juventude) – 11 gols
1995 – Oséas (Athletico-PR) – 14 gols
1996 – Maurício (Santa Cruz) – 13 gols
1997 – Tupãzinho (América-MG) – 13 gols
1998 – Gauchinho (XV de Piracicaba – 13 gols
1999 – Uéslei (Bahia) – 25 gols
2000 – Adhemar (São Caetano) – 16 gols
2001 – Sérgio Alves (Ceará) – 21 gols
2002 – Vinicius (Fortaleza) – 22 gols
2003 – Vagner Love (Palmeiras) – 19 gols
2004 – Rinaldo (Fortaleza) – 14 gols
2005 – Reinaldo (Santa Cruz)- 16 gols
2006 – Vanderlei (Gama) – 21 gols
2007 – Alessandro (Ipatinga) – 25 gols
2008 – Túlio Maravilha (Vila Nova) – 24 gols
2009 – Elton (Vasco/Fortaleza/Figueirense) – 27 gols
2010 – Alessandro (Ipatinga) – 21 gols
2011 – Kieza (Náutico) – 21 gols
2012 – Zé Carlos (Criciúma) – 27 gols
2013 – Bruno Rangel (Chapecoense) – 31 gols
2014 – Magno Alves (Ceará) – 18 gols
2015 – Zé Carlos (CRB) – 19 gols
2016 – Bill (Ceará) – 15 gols
2017 – Bergson (Paysandu/Oeste) – 16 gols
2018 – Dagoberto (Londrina) – 17 gols
2019 – Guilherme (Sport) – 17 gols
2020 – Caio Dantas (Sampaio Corrêa) – 17 gols
2021 – Edu (Brusque) – 17 gols
2022 – Gabriel Poveda (Sampaio Corrêa) – 19 gols
2023 – Gustavo Coutinho (Atlético-GO) – 14 gols
2024 – Erick Pulga (Ceará) – 13 gols